quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Crítica: Master of Rings - Helloween

 Master of Rings - Helloween

Toda banda tem seus altos e baixos, é normal. Toda banda também passa por fases difíceis, brigas, desentendimentos e catástrofes. O Helloween, no final da década de 80 e no início da década de 90, parecia que estava passando por todos esses percalços ao mesmo tempo. A banda tinha lançado dois discos muito controversos nessa época, o Pink Bubbles Go Aple (de 1991) e o "progressive-pop" Chameleon (de 1993), considerado até hoje um dos álbuns mais "esquisitos" da banda de todos os tempos.
O fracasso de vendas de ambos os discos foi tão traumático que forçou eles abandonar o contrato com a lucrativa EMI.
Soma-se isso aos problemas internos que a banda estava passando naquele momento. Michael Kiske, o vocalista clássico, resolve sair da banda no final da turnê do disco Chameleon para se lançar numa carreira solo (sem muitos trunfos) e o baterista/co-fundador da banda, Ingo Schwichtenberg, se envolve em incidentes com drogas no Japão e acaba se afastando do grupo.

Tudo havia se desmantelado do nada.

A banda, se quisesse continuar sua carreira, deveria recomeçar do zero.
E foi o que eles fizeram.

Michael Kiske foi substituído por Andi Deris (do Pink Cream 69) e Ingo Schwichtenberg  foi substituído por Richie Abdel-Nabi (Babylon 27 e Das Auge Gottes) e, em seguida, por Uli Kusch (do Gamma Ray).

A banda assinou com uma gravadora independente da Inglaterra, a Castle Communications, muito menor que a EMI mas que tinha certa importância cultural nos anos 80, responsável por realizar muitas compilações de discos de Heavy Metal com a série "Metal Killers", o que levou-a formatar seu próprio selo especializado no estilo, o "Raw Power".

Toda essa movimentação da banda culminou no Master of Rings, de 1994, um disco que retorna as origens do Power Metal que consagrou a banda.

Trata-se de um daqueles discos que se aproveita 100%. Não há nenhuma música ruim ou mediana no disco inteiro. Sole Survivor, Where the Rain Grows, Why?, Secret Alibi e Still We Go são representantes notáveis do estilo clássico da banda, ótimas músicas e muito bem executadas.
Take Me Home é outra música sensacional, pesada, mas que foge totalmente da linha tradicional da banda.
Mr. Ego é outra excelente música e chama muito atenção por um motivo muito particular, a letra. Há rumores interessantes de que a letra, que é um escárnio total, fosse dedicada ao ex-vocalista Michael Kiske, como forma de provocação.
Perfect Gentleman, é outra música interessante, com uma pegada melódica meio "medieval" e com uma letra muito engraçada.
The Game is On é outra música boa do disco e também uma prova de que é possível flertar com experimentalismo sem que pra isso seja necessário sacrificar a qualidade e a identidade da banda. A música trata sobre o vício e video-game e, para ambientar o tema, utiliza samples de sons de jogos como Tetris acompanhando os riffs de guitarra. O resultado é bem interessante.
In The Middle Of A Heartbeat é uma balada romântica, no melhor estilo Heavy n' Hard, lembrando um pouco o Accept, outra ótima banda alemã.

O saldo final é bem positivo.

Tanto a qualidade quanto as vendas do disco foram bem sucedidas.
Quando esse disco estreou, em muitos países, chegou a ser um dos álbuns mais vendidos do ano.

Master of Rings representa o Helloween nascendo novamente, virando a mesa do jogo, desafiando o destino e mostrando uma determinação fora de série. A energia foi tão forte que deu a impressão da banda estar lançando o seu primeiro disco, novamente.

Acho que nada explica melhor esse espírito do que a letra da música que encerra o disco, Still We Go

No começo
Do nada
Nós tivemos um sonho
E agora é Helloween

Aumente a velocidade para um limite maior
Mude a marcha, estamos perdendo nosso ânimo
Não vamos seguir seu conselho especial
Estamos próximos a um esgotamento de metal
Sirenes para avisar do nosso derretimento
Não pudemos ver aquela manchete

Agora vemos um horizonte
Estaremos aqui para ficar
Se você não consegue ver nosso sinal
Você deve ser cego

Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Na rodovia de metal
Mesmo assim nós vamos

Avise, não morra em nossos joelhos
Brilhe, orgulho como podemos ser
Chegou a hora de parar de te agradar
Ei, cara, vamos nos reunir
Nossa força durará para sempre
Nos empurre o máximo que puder

Agora vemos um horizonte
Estaremos aqui para ficar
Se você não consegue ver nosso sinal
Você deve ser cego

Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Na rodovia de metal
Mesmo assim nós vamos

Quantas vezes
Um homem deve cruzar a linha de chegada
Para encontrar o caminho certo

Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Mesmo assim nós vamos
Na rodovia de metal
Mesmo assim nós vamos

Video-Clipe de When the Rain Grows:


Video-Clipe de Perfect Gentleman




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