sábado, 26 de julho de 2014

Crítica: Last Of A Dyin' Breed - Lynyrd Skynyrd


A rebeldia Redeneck está no DNA do Lynyrd Skynyrd. A banda expressa todo o sentimento da alma norte-americana.
Os temas do Lynyrd Skynyrd giram em torno de armas, Deus, mulheres, sexo, bebidas, vida simples, sonho americano, viagens, saudades da terra natal, vida na estrada, família e liberdade.
Aproveitando gostaria de saber de onde surgiu o mito que as letras deles eram ameaçadoras? Pra quem? É tudo o que admiro.
Tem banda fazendo letra sobre comunismo e fantasiando isso de libertação do homem. ISSO é ameaçador!

Enfim, políticas a parte, este fim de semana peguei para ouvir o disco Last of a Dyin' Breed, lançado em 2012 e, como sempre, comecei procurando por reviews já feitos para ver qual é a opinião geral sobre o disco.

Todos Reviews que li sobre o Last Of A Dyin' Breed, sejam aqueles que falavam de forma positiva ou negativa, falavam quase sempre a mesma coisa do disco. Trata-se de uma banda flertando com os "tempos atuais". Expressões-chave que saltam nas resenhas deste disco são "mais moderno", "mais contemporâneo", "novos ares", "menos tradicionalistas" e, talvez, por isso, não tenha agradado tanto os mais fieis e apegados a coisas como "fórmula primeira". Para muitos as chamas do calor do sul não parecem mais tão escaldante como costumavam ser.

Quando eu fui ouvir o disco eu tive que discordar com os que torceram o nariz. Como sou um bom ouvinte de passagem (negrita ai o bom na sua cabeça), não me incomodei tanto com a proposta, alias, não me incomodei nem um pouco. O disco tem uma certa influência meio Hard Rock e Pop, mas nada que comprometa a qualidade e o que importa, pra mim, não é tanto o quanto a banda se mantém fiel ao estilo mas o quanto a banda consegue apresentar qualidade no seu trabalho e esse aqui indiscutivelmente tem.

Imagine uns caipiras que, num belo domingo ensolarado, resolvem pegar suas Pick-Ups coberta de lama e foram para algum centro urbano fazer uma visita. É mais ou menos esse o "feeling" do disco. Este disco deixa um pouco para trás o estilo clássico e adota uma roupagem mais moderna do Southern Rock.

Pra mim é surpreendente agradável o quão jovem o grupo soa neste álbum e isso, para mim, foi crucial para avaliar positivamente este disco.

Não há uma música "menos que boa" neste disco, mas algumas se destacam como Last of Dyin' Breed, Homegrown (que é bem moderno para os padrões Lynyrd Skynyrd), Mississipi Bloody, que traz de volta aquele traço mais "caipira" que consagrou a banda, Do It Up Right e Low Down Dirty.

Temos que dar um destaque também para Life Twisted que é a música preferida do guitarrista Mark Matejka.



As letras pairam sobre o tema comum da banda já mencionado, Homegrown é uma música bem sexual, uma homenagem as mulheres sulistas, comida caseira (Homegrown) para eles. Outra de cunho meio erótico é Good Teacher, uma música mais puxada para o Hard que fala sobre a "escola da vida" e suas "professoras".
As outras músicas versam mais sobre lições de vida, saudades, sonhos e liberdade. Temos algumas como Nothing Comes Easy, uma ode ao trabalhador, e Poor Man's Dream, que é sobre o homem humilde; letras que lembram um pouco Grand Funk Railroad. Temos também outras como Start Livin' Life Again, uma canção com mensagem meio religiosa, muito bonita.

Abaixo alguns videos:

Last of a Dyin' Breed



Homegrown (Clipe que lava a alma)



Good Teacher


terça-feira, 22 de julho de 2014

Crítica: Nowhere to Hide - Praying Mantis


Nowhere to Hide é um disco que você ouve e custa a acreditar que ele foi lançado em 2000 e não em 1985. A resistência estilística do Praying Mantis em manter seu formato retrô há décadas é um dos maiores atrativos da banda pra mim.
Este disco contem os mesmos elementos de Hard Rock melódico e AOR que vai te fazer lembrar de bandas como Styx, Asia e Rainbow (pós-Dio).
Harmonias vocais bem trabalhadas com Tony O'Hora mais uma vez mostrando ser um grande vocalista, bons momentos com o twin-guitars onde a dupla Tino Troy e Dennis Stratton conseguem se mostrar técnicos sem cair num "ego-trip" entendiante e, lógico, forte presença de teclados.
O problema deste disco é que, ao longo da audição, comecei a achar enjoativo, talvez teclados demais e harmonizações vocais muito exageradas contribuíram para isso.
Entre prós e contras minha nota ao disco é 7.
É um bom disco embora eu não goste muito. Você já deve ter passado por esse paradoxo de achar um disco bom mesmo não gostando muito. Não há nada que eu posso dizer que deponha contra o disco, todas as qualidades que eu citei realmente existem nele mas, talvez, não existam da forma ideal. É um desafio muito grande para uma banda fazer um tipo de Hard Rock melódico sem soar cansativo, é preciso equilibrar os elementos de exagero, conseguir criar harmonias maravilhosamente pegajosas e, na minha opinião, este disco não conseguiu nenhum desses objetivos.
Se você estiver procurando algo nesse mesmo estilo da banda recomendo outro disco, o fantástico Forever in Time.

Segunda audição (20/09/2014).

As vezes você precisa dar um tempo para absorver melhor uma obra e descansar seu cérebro para poder, mais tarde, dar um veredito um pouco mais amadurecido sobre ela. Isso pra mim acontece tanto para discos quanto para livros.
Resolvi então dar uma segunda chance a esse disco e, para minha surpresa, a minha segunda audição desse disco está me soando muito mais agradável do que da primeira vez que eu ouvi.
Nowhere to Hide é um disco lindo. Retiro o que disse dele ser cansativo. Ele estava sendo cansativo apenas naquele primeiro momento que escutei. Se você se "deixar conduzir" pelo um belo conjunto de teclados e guitarras melódicas quanto pela uma melodia vocal belíssima você terá uma experiência agradável, isso eu garanto.
É difícil eu destacar uma música já que todas tem elementos muito semelhantes e em qualidades semelhantes que no final se equivalem. As músicas que mais me chamaram a atenção neste disco foram Cruel Winter (que tem riffs abafados belíssimos) e a balada Whenever I'm Lost, mas todas são, de certa forma, músicas muito boas.
Vou subir a nota desse disco de 7 para 8.

domingo, 20 de julho de 2014

Crítica: A Cry for the New World - Praying Mantis



O Praying Mantis é uma banda da New of British Heavy Metal. Sua proposta musical é equilibrada, um pouco mais melódica que o Iron Maiden e um pouco mais agressiva que o Def Leppard.
É uma boa banda, mas há algo que me chama atenção nela em especial, seus elementos mais puxados para o Hard Rock e para o AOR. O problema é que eles mergulharam nesses estilos de vez fora de época, nos anos 90, onde já estavam fora de moda. Cry for the New World, lançado em 1993 é um desses discos que te remetem aos anos 80, mesmo sem pertencer a esta década.
Cada música teria potencial de ser um grande hit radiofônico se fosse lançada com pelo menos cinco anos de antecedência.
Tudo soa nostálgico neste disco. Começamos com Rise Up Again, uma ótima canção para filmes dos anos 80, com todos os adoráveis clichês possíveis na letras: "Don't give it up", "You are strong", "I will rise up again", "Stand up and fight". Cry for the New World é o grande destaque do disco, com um refrão sensacional, poucas bandas tem esse talento de fazer refrões grudentos, fazer um refrão grudento é sinal de talento, nem ousem dizer o contrário. De praxe temos baladas como Moment in Life e Dream On, um disco de Hard/AOR no melhor estilo anos 80 precisa de baladas. Power Ballads como Open Your Heart. Dangerous, Letting Go, One Chance, Fight to Be Free e Journeyman são músicas que não fazem feio, todas elas combinando certa pegada, bons momentos melódicos, refrões bem construídos e bons solos, nada muito firulento ou exibicionista, tudo tocado na medida em que a música pede. The Final Sacrifice encerra o disco, uma música instrumental de dois minutos e meio.

Cry for the New World (ao vivo em 95)



Letting Go (Ao vivo em 95) - Detalhe, é o Clive Burr na bateria


 
Letting Go (video-clipe oficial)



Rise Up Again (ao vivo em 95) - As guitarras dobradas parece ser uma ideia bastante aproveitada de Dennis Straton, que ele trouxe do Iron Maiden

sábado, 19 de julho de 2014

Crítica: Tattoed Millionarie - Bruce Dickinson


Tattoed Millionarie é o primeiro disco solo de Bruce Dickinson, lançado quando ele estava no Iron Maiden, que vinha sendo composto pouco antes do lançamento do No Prayer for the Dying e foi lançado pouco tempo depois, se eu não me engano.
Não vou dar muitos detalhes sobre a gravação, da ideia, já que vocês podem buscar essas informações em outros sites como a Wikipedia. Quero me focar aqui em analisar a proposta do disco.
Como bem disse a crítica na Allmusic, o disco está longe de ser uma cópia carbonada do Iron Maiden. É um disco Hard Rock/Pop Metal com músicas que poderiam se comportar muito bem em discos de bandas como Def Leppard e Winger.





A proposta pode assustar mas, vai por mim, o disco é ótimo.
Com este álbum, Dickinson fez o que seu colega britânico Rob Halford fez em alguns dos lançamentos do Judas Priest na época, uma sonoridade "mais comercial", de influência mais pop. Um Hard Rock mais, digamos, radiofônico, ou quase.
Digo "quase" pois, tirando Born'58, Tattoed Millionarie e All the Young Dudes, as músicas são cantadas hora num estilo mais agressivo, hora num estilo mais operístico (no estilo Iron Maiden mesmo), coisa que não é muito apreciada em rádio e dificilmente cairiam fácil no gosto do público comum.
A proposta pra mim não é soar comercial, apenas corre "esse risco" dado ao afastamento brusco do tipo de música que estava sendo feita no Iron Maiden. Bruce Dickinson claramente fez este disco da forma mais despojada e descontraída possível, realmente é possível notar o quanto ele deve ter se divertido nele e esse é talvez um dos seus pontos mais fortes. O tom despretensioso de fazer um disco de Hard Rock, um estilo mais clássico, simples, sem firulas e sem "medo" de "parecer comercial" (acredite, isso faz sentido) são os pontos forte do disco.
As músicas merecem ser comentadas. A que eu mais gosto é a música que abre o disco, Son of Gun, uma música com uma letra interessante e misteriosa sobre um pregador (lembrou-me vagamente temáticas do Neil Young) e uma performance vocal primorosa e dramática. Tattooed Millionaire é uma música muito gostosa e tem uma letra bem divertida. É uma canção Hard-Rock/Pop-Metal que ironicamente debocha da postura de integrantes de bandas deste estilo, do cara "tatuado e milionário" (no melhor estilo Motley Crue ou Poison, não fazendo referências diretas a essas bandas), que é, para Bruce, patético. Segundo Nikki Sixx do Motley Crue essa música surgiu de uma frustração do fato dele ter dormido com sua mulher (vai saber se é verdade também, enfim). Born in 58 é uma música muito agradável com uma ótima letra: ao que parece é uma homenagem de Bruce ao seu avô. A canção também fala de um tempo onde o homem tinha orgulho do seu trabalho, do seu país e que lutar por coisas hoje considerada "antiquadas" como a noção de certo e de errado eram ensinadas Música nostálgica e moralizante por natureza. As músicas mais agressivas do disco são Hell on Wheels, Dive! Dive! Dive! e Lickin' the Gun, com ótimos riffs, vocais rasgados, temática que pairam no universo comum do Rock'n Roll, letras sexuais, de duplo sentido, velocidade, carros, etc. As 3 músicas trazem em si elementos típicos de bandas como AC/DC. Gypsy Road é uma power-ballad que fala sobre liberdade. All the Young Dudes é um cover memorável, com lindas frases de guitarra. A música é de David Bowie, gravado originalmente pelo Mott the Hoople em 72. As duas músicas que fecham o disco são mais puxadas para um Rock mais "setentista", clássico. Zulu Lulu lembra muito alguma coisa dos Rolling Stones ou do Alice Cooper e No Lies lembra bastante algo de Led Zeppelin, especificamente Whotta Lotta Love.
Concluindo, é um disco corajoso pois busca uma sonoridade totalmente diferente daquela que o consagrou, divertido, bom de se ouvir. Bruce acertou a mão, meio que "sem querer".

Abaixo alguns videos:

Son of Gun. A performance de Bruce e Janick Gers em palco são sensacionais!



Tattoed Millionaire (Clipe). Digamos video-clipe é bem "Monty Pyton", bem criativo, cômico e genial (tal como a letra desta música).



Tattoed Millionaire (Ao Vivo)



Born In '58



Hell on Wheels



Dive! Dive! Dive! Janick Gers Rules!



Lickin' the Gun. Janick Gers Rules!



Gypsy Road



All the Young Dudes (clipe)



All the Young Dudes (ao vivo)



Zulu Lulu (com solo de bateria)



No Lies