domingo, 6 de setembro de 2015

Iron Maiden: Análise de Singles e Discos. Parte 1 (de 1979 a 1980)

The Soundhouse Tapes Iron Maiden
The Soundhouse Tapes
09 de Novembro de 1979 - The Soundhouse Tapes (Demo)

1 - Iron Maiden
2 - Invasion
3 - Prowler

The Soundhouse Tapes é a primeiríssima gravação da banda. Lançado em 9 de Novembro de 1979 este disco apresenta três músicas que foram gravadas na Spaceward Studios (em Cambridge, Inglaterra) no ano novo de 1978: Iron Maiden, Invasion e Prowler.
A música Strange World também tinha sido gravada nessa época mas, pela péssima qualidade da gravação, Steve Harris resolveu eliminá-la do disco.
Quando o The Soundhouse Tapes foi lançado a banda só tinha disponível 5.000 cópias, que eram mandadas por caixa-postal por encomenda. Devido ao grande sucesso do disco as quantidades se mostraram insuficientes para a demanda. Não menos que 3.000 cópias das 5.000 disponíveis foram vendidas na primeira semana, o que despertou o interesse de grandes gravadoras como a EMI, que lançaria o primeiro disco da banda posteriormente.
O disco abre com Iron Maiden, a música que dá nome a banda. Trata-se de uma música sangrenta e pesadíssima, talvez uma das mais pesadas da banda até hoje. Com um riff bem característico, um solo de baixo "matador" e uma letra gore, são poucas as músicas nessa época que podem ser comparadas em agressividade. Essa música é, sem dúvidas, a mais icônica do disco e é o grande primeiro clássico apresentado aqui. Uma música que acompanharia a banda em todos os shows ao vivo com execuções apoteóticas e destruidoras.
Boa parte do que conhecemos (e gostamos) da banda está contida nesse disco de forma bem rudimentar. Apesar de exalar "Punk Rock" e não ter nenhuma faixa, digamos, "Progressiva", o que seria marca registrada da banda posteriormente, temos desde aqui características típicas da banda como o gosto por temas históricos, representado na música Invasion, um Heavy-Metal Punk que conta sobre os Vikings e o senso melódico apurado contrabalanceando com o peso, como na excelente Prowler, a melhor música do disco, com sua belíssima guitarra melodiosa, usando e abusando do Wah-Wah.
A importância desse disco é impar. Foi esse disco que lançou esses jovens suburbanos do East End para o mundo. A gravação não é das melhores - mas não chega a incomodar tanto. As músicas são extremamente diretas e agressivas, puxadas para o Punk, mas contém elementos melodiosos que também caracterizam bem a banda. Para quem está querendo conhecer a banda talvez não seja interessante começar por este disco, ele empolgará mais aos fãs e colecionadores, quem já é interessado pelo Iron Maiden.
Nota 7,0.

Running Free Iron Maiden
Running Free
08 de Fevereiro de 1980 - Running Free (Single)

1 - Running Free
2 - Burning Ambition

Running Free foi um single lançado em 8 de Fevereiro de 1980 como uma prévia para o disco oficial que seria lançado 2 meses depois.
A música que encabeça o disco é um clássico da banda escrito por Steve Harris e Paul Di'anno.
Segundo Paul esta música assume tons autobiográficos, embora ele nunca tenha passado uma noite numa prisão em Los Angeles como conta a letra.
É, na verdade, sobre ter 16 anos e estar em fase de descobrir a vida, com essa ânsida de liberdade. Uma homenagem a juventude, tal como Eighteen de Alice Cooper.
Mick Wall descreve a música como uma "apoteose Punk-Metal".
A segunda música que acompanha o disco original é Burning Ambition, uma das primeiras composições de Steve Harris que, sabe-se se lá por que, apenas aparece em singles e compilados da banda. Trata-se de uma música muito boa, com uma pegada Hard Rock Setentista excelente. Talvez por ser uma das composições de sua primeiríssima banda, o Gypsy's Kiss, ele resolveu preservá-la de um lançamento formatado num disco exclusivo do Iron Maiden que, para quem não sabe, é a sua segunda banda.
A versão japonesa deste single não contém Burning Ambition e sim Prowler.
A capa da versão original é uma das mais icônicas da banda. O Eddie aparece na penumbra perseguindo um jovem enquanto uma mão zumbi aparece na frente (um outro Eddie?). Nas paredes dá para ver pixações com nome de bandas que influenciaram o Iron Maiden:  Scorpions, Judas Priest, AC/DC, Sex Pistols e Led Zeppelin.
A capa da versão japonesa do disco é a mesma que, posteriormente, seria utilizada no single de Sanctuary. Aquela mesma em que Eddie mata Margareth Tatcher.
A importância do disco é relativamente alta. Apeser de ser apenas uma prévia do álbum o conjunto se transforma em material icônico analisando certos aspectos. A começar pela capa (que inaugura oficialmente o Eddie) e por tudo que envolve esse single (a primeira experiência da banda fora do circuito de pubs e barzinhos, o primeiro passo oficial do estrelato). As músicas são muito boas. A gravação, apesar de não ser um material demo, deixa muito a desejar. Não é um material totalmente indispensável, mas um daqueles caprichos gostosos de se ter.
A versão japonesa é definitivamente dispensável até como capricho. Além de não ter Burning Ambition perde com o elemento da capa.
Nota 7,0.

Iron Maiden Iron Maiden
Iron Maiden
14 de Abril de 1980 - Iron Maiden

1 - Prowler
2 - Remember Tomorrow
3 - Running Free
4 - Phantom of the Opera
5 - Transylvania
6 - Strange World
7 - Charlotte the Harlot
8 - Iron Maiden

Finalmente o primeiro disco oficial do Iron Maiden. Lançado em 1980 este disco certamente é um dos maiores clássicos do Heavy Metal de todos os tempos.
Foi lançado pela EMI no Reino Unido e pela Harvest/Capitol Records nos Estados Unidos anos depois, com a canção Sanctuary, previamente lançada como single no Reino Unido. Em 1998, quando a banda resolveu relançar todos os seus discos pré-1995, este disco foi remasterizado e a faixa Sanctuary foi oficializada no disco no mundo inteiro. Apenas para manter a fidelidade da linha do tempo vou comentar apenas da primeira versão do disco, a britânica, sem a faixa Sanctuary.
O disco foi bem recebido tanto pelo público quanto pela crítica. Colocou o Iron Maiden entre os grandes em pouco tempo. Em questão de semanas a banda já estava fazendo turnês com o Judas Priest (na British Steel Tour) e Kiss (na Unmasked Tour). Poucos imaginariam que aqueles garotos suburbanos do East End se tornariam responsáveis pelo maior nome do Heavy Metal de todos os tempos (sim, maior que Black Sabbath).
O disco já começa com a enérgica Prowler. Uma versão um pouco mais acelerada do que aquela mostrada no The Soundhouse Tapes.
A segunda faixa é Remember Tomorrow, escrita por Paul Di'anno, uma das melhores músicas do disco. Começa lenta e atmosférica e depois explode em peso.
Running Free segue como terceira faixa do disco, uma música que já tinha aparecido no single que precedeu o disco.
A quarta faixa do disco é uma das melhores canções da banda de todos os tempos e uma das preferidas de Steve Harris: de Phantom of the Opera. Uma música relativamente extensa, instrumentalmente muito bem executada, cheia de variações de tempo e mudanças rítimicas interessantes. Essa música mostra o bom entrosamento e perfeita química entre os integrantes da banda.
A quinta faixa do disco, Transylvania, é a segunda melhor música desse disco e também uma das melhores músicas da banda. Trata-se de uma música instrumental pesadíssima de quatro minutos.
A sexta faixa, Strange World (aquela que estaria no The Soundhouse Tapes) é uma balada lindíssima e pesada, com uma excelente linha de guitarra e uma atmosfera meio psicodélica. É uma das faixas mais distoantes do estilo da banda, mas ainda sim uma ótima música.
A próxima faixa, Charlotte the Harlot, é uma música de Dave Murray. Conta a história de uma prostituta fictícia chamada Charlotte. Assim como Nurse Rosetta e Steven de Alice Cooper essa personagem ficaria conhecida também em outras músicas soltas da banda como 22 Acacia Avenue do disco The Number of the Beast de 1982, Hooks in You do disco No Prayer for the Dying de 1990 e From Here to Eternity do disco Fear of the Dark de 1993. É uma música selvagem e sexual como poucas que a banda compôs em sua carreira.
A última música é Iron Maiden, um dos maiores clássicos da banda de todos os tempos e, como foi dito (e que está evidente), a música que batiza a banda.
Ela já foi apresentada antes no The Soundhouse of Tapes e também está mais acelerada aqui.
A importância desse disco não apenas na carreira do Iron Maiden mas como na história do Heavy Metal é inegável. As músicas são sublimes e variadas, caminham entre uma pegada Punk e um Heavy Metal com certa sofisticação técnica e genialidade criativa. É um material indispensável. O único defeito é a produção porca de Will Malone, um cara que a banda acertadamente não trabalharia nunca mais.
Nota 8,5.

Sanctuary Iron Maiden
Sanctuary
23 de Maio de 1980 - Sanctuary (Single)

1 - Sanctuary
2 - Drifter (Ao vivo no Marquee Club, 1980)
3 - I've Got the Fire (Ao vivo no Marquee Club, 1980) *Música do Montrose

Lançado em Maio de 1980, um mês depois do lançamento oficial do primeiro disco, Sanctuary foi um single lançado em um LP de 7 e 12 rotações.
A primeira coisa que chama atenção é a capa. Clássica. Imerso no universo Punk Derek Riggs, o desenhista das capas do Iron Maiden, faz um Eddie assassinando a primeira-ministra britânica Margareth Tatcher do partido conservador. A imagem acabou causando uma pequena agitação na mídia local e uma tarja preta foi colocada nos olhos da vítima para não ficar muito explícito e ofensivo.
A motivação da capa não foi nem política. Derek Riggs se inspirou no trecho da música Sanctuary que fala "I've never killed a woman before but I know how it feels" (Eu nunca matei uma mulher antes, mas eu sei como é).
A música Sanctuary é uma das mais rápidas, enérgicas e diretas da banda. Uma das poucas na banda que você conseguira ouvir um solo de guitarra de Dennis Straton. Uma ótima música, com uma linha de baixo excelente. Essa música vai marcar muita presença ao vivo, sempre com uma variação rítimica no final.
No lado B temos Drifter, uma música excepcional composta por Steve Harris e Paul Di'anno, que estaria no disco Killers de 1981. Temos aqui uma versão ao vivo da música, tocada no Marquee Club.
Para terminar temos uma versão ultra-agressiva de uma música ultra-agressiva. I've Got the Fire, uma música do Montrose do disco Paper Money de 1974. Com solos furiosos de Dave Murray e Dennis Straton, um vocal rasgado de Paul Di'anno, essa música é um dos melhores covers que a banda já fez.
Nota 7,5.

Women in Uniform Iron Maiden
Women in Uniform
27 de Outubro de 1980 - Women in Uniform (Single)

1 - Women in Uniform *Música do Skyhooks
2 - Invasion
3 - Phantom of the Opera (Ao vivo no Marquee Club, 1980)

Women in Uniform é uma canção de uma banda australiana chamada Skyhooks. Considerada por alguns "Guerreiros da Justiça Social" como uma música machista e misógina, a música fala de um fetiche por mulheres em uniformes.
Antes dessa onda politicamente correta músicas fetichistas como essa eram extremamente normais. Dez em cada onze músicas do AC/DC tem uma forte conotação erótica para o público masculino.
Essa é a música escolhida pelo Iron Maiden para fazer seu primeiro vídeo-clipe e até hoje é a versão mais conhecida, chegando ao top 10 na Austrália, de onde a música saiu originalmente, ganhando projeção mundial.
Muitos ainda acham que essa música é da banda e não um cover.
Lançada como single em 27 de Outubro de 1980 o disco ainda trazia a música Invasion, a mesma versão do The Soundhouse Tapes, e uma versão ao vivo de Phantom of the Opera no Marquee Club em 1980 no Marquee Club.
Uma das coisas mais interessantes desse single é a capa. Nela Margaret Thatcher, a mesma que morre na capa de Sanctuary, segura uma submetralhadora Sterling, de tocaia, se preparando para atacar Eddie, que caminha tranquilamente abraçado de duas garotas.
Não chega ser um single importante para a carreira da banda e vale apenas se você for fã ou colecionador de discos da banda.
Nota 6,5.

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